quarta-feira, 30 de outubro de 2013

TTP I e Clinica psicossomática

Foi decidido na reunião do colegiado no dia 29 de outubro de 2013 que seriam paralisadas todas as salas de aulas durante o período da greve. Terminando a greve iremos repor todas as aulas das minhas duas disciplinas. Por agora não irá ter aula de TTP 1 e de Psicossomática.

Att,
Camila

Dinâmica de Grupo ( Organização com a Greve)

Olá Alunos,

Como todos devem ter sidos informados toda a universidade está de Greve Geral ( professores, alunos e servidores). Na reunião dos professores foi determinado que todos os professores devem parar a atividade de docência. Ou seja, não haverá aula até o retorno pois greve.

Porém para quando retornamos as aulas não ficarmos atrasados demais no semestre. Vou deixar aqui algumas atividades que vão servir como carga horária. Assim no retorno só fazemos um intensivo de uma semana, para não deixar de contemplar os textos da apostila. Porém as atividades fora campos UECE vocês pode ir fazendo mesmo na greve. Segue a baixo as atividades e datas. Qualquer dúvida entrem em contato comigo por telefone ou e-mail.


Primeira avaliação da disciplina a ser entregue no dia 21 de novembro por e-mail. Fundamental esse trabalho, já que vocês estão sem nenhuma nota.

Trabalho será de grupo naqueles já formados em com nomes. Quem não lembrar sua equipe eu vou postar depois aqui a lista das equipes.

O trabalho consiste em 4 temas os quais vocês devem descrever sobre aprofundando os mínimos detalhes possíveis. Os temas são de acordo com os textos da apostila. Pode e deve ser usado material fora apostila nos temas 1 e 2 que são mais restritos. usem também a nota de aula para esses temas.

Vamos aos Temas:
1- Transferência ( discorra sobre o que é e seus tipos não esquecendo a contra)
2- Identificação (discorra sobre tanto em freud como em lacan)
3- Ciência, saber e verdade ( basicamente basta responde o roteiro colocado no blog)
4- Mal está na atualidade, subjetividades na contemporaneidade ( ultimo texto dado os dois caps)

Divisão do trabalho:
Cada membro da equipe fica responsável em fazer um dos temas a cima. Abaixo do tema deve constar no trabalho o nome completo de quem o fez. Isso não significa que a equipe toda não pode se ajudar ou fazer os temas juntos. Porém cada tema tem de colocar o nome de um responsável. Se cada um vai fazer o seu ou a equipe vai olhar o trabalho como todo é algo entre vcs. Porém quero o nome no final de cada tema.

PS 1: Equipes com mais de 4 membros escolhe um tema para ter dois participantes responsáveis. Equipe de 3 membros vai unir o tema 1 e 2 , em um item só, porém vai ser exigido uma leitura geral dos temas e não detalhistas já que os temas foram unidos para não ficar pesado para a pessoa fazer.

Equipes com um dou duas pessoas escolhe dois temas e constrói. ( se for de dupla cada uma com uma tema separado) se for individual essa pessoa escreve dois temas sozinha.

Depois dos 4 temas deve existir uma conclusão feita por todos da equipe nessa conclusão deve se dizer se os 4 temas são relevantes, contribuíram para seu saber de pedagogo ajudando no seu trabalho do dia a dia ou se não ajudou em nada saber sobre isso. Se ajudou justificar e se não ajudou justificar também.

Nota da avaliação:

Será dada uma nota individual para cada tema para cada pessoal responsável por aquele tema. de 0 a 10.
Será dada uma outra nota geral da equipe pelo todo do trabalho julgando todos os temas mais conclusão de 0 a 10.

A nota final da primeira avaliação será essas duas notas dividida por dois retirando uma média.

PS 2: a avaliação será assim para não perde de vista que é trabalho de equipe, mas sem tirar o peso do individual para não corre o risco de ninguém se escorar em ninguém.

PS3: trabalho seguindo as normas da ABNT ( não é artigo as normas que me refiro é a referencia e citação)


Atividades de campo no tempo de Greve:

Fazer as visitas ao Grupo o qual foi explicado em sala de aula. Lá vocês devem colher informações do histórico desse grupo entrevistando um responsável pelo grupo segue roteiro a baixo do básico a depender do que vá surgindo vocês são criando novas perguntas.

1- Qual o nome do Grupo?
2-Como foi feita a escolha desse nome e o por que desse nome o que ele significa?
3- Como foi a formação desse grupo como aconteceu?
4- Ele existe a quanto tempo e onde e quando ele acontece ao longo de sua existência?
Ou seja conte brevemente a historia desse grupo como foi seu surgimento e manutenção.
5- Como é a entrada de um novo membro? Tem acolhimentos? como é essa iniciação?
6- Existe uma divisão interna de atividade entre os membros? se sim como é?
7- Qual o objetivo e finalidade desse grupo?
8- Como é o engajamento dos membros do grupo?
9- Como são estabelecidas as regras são informais ou formais em um código?
10- Como foram estabelecidas essas regras?
11- Como são tomadas as decisões internamente?
12- Existe hierarquias ou graduações dentro do grupo?
13- Como é a sistemática dos encontros? como ele acontecem?
14- Quais as maiores vitorias desse grupos?
15- Quais foram ou são as maiores dificuldades desse grupo?
16-Qual a identificação comum de vocês?
17- Existem símbolos ou linguagem própria desse grupo?

Após essa entrevista vocês devem assistir alguns encontros do grupo anotando todos os detalhes possíveis no diário de campo, observando a dinâmica interna do grupo, se existe liderança , agressividade, tensões, como é o encontro o que eles fazem, existem amizades, o dia a dia desse grupos vocês devem relatar.

Ao final das visitas você devem pensar quais são as demanda desse grupo o que poderia ser ajudado para que o grupo melhorasse. Feito isso vocês devem pensar em uma dinâmica de grupo que poderia atender e trabalhar essa demanda. Ex de dinâmica tem no final da apostila de vcs.

Quando se retornar da greve, cada grupo irá fazer em sala de aula num mini teatro como se fosse o grupo que você visitou essa dinâmica. Essa será a segunda nota de você.


Acompanhamento a distância:

Para calcularmos a horas aulas preciso que vocês anotem todas os dias que foram se encontra nesse grupo e quanto tempo passaram lá, para isso funcionar como hora de sala de aula, pra diminuir no nosso retorno algumas hora e conseguirmos fazer tudo em um intensivo só de texto da apostila e não ter de fazer a parte pratica. Para que eu possa acompanhar como anda as visitas de cada equipe e que parte da atividade vocês estão. Quero relatório 15 em 15 dias de um membro de cada equipe me enviando por e-mail informando onde foram o que fizeram e em que pé anda suas atividades. Finalizando até a escolha da dinâmica que vai ser aplicada em sala e a demanda do grupo. O trabalho de vocês acabou é só espera o fim da greve e se voltar.

Quero no meu e-mail direitinho a demanda do grupo de vc qual dinâmica vcs pensaram em aplicar.
Assim vou ajudando vocês se tiverem dificuldade nesse caminho. Vou orientando o trabalho a distancia. ok gente?

Quem tiver duvidas fale com os colegas que foram quinta passada a aula eu expliquei ao vivo tudo a eles, ou me telefonem ou mandem e-mail.

Boa sorte gente e até nosso retorno.
Qualquer coisa estou aqui.
Abraço Gente.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

TTP I (clínica com adolescentes)


PROFESSORA: CAMILA GUIMARÃES

 
Nota de aula: clínica psicanalítica com adolescentes.

Considerações acerca da adolescência:

 

Tradicionalmente a adolescência é vista como as transformações psicológicas derivadas da puberdade – do latim pubertas, significa “idade viril”. Rompendo com essa visão Anna Freud (2006) caracterizou a adolescência como um período de conflitos internos e desequilíbrios psíquicos, que acompanham a maturação sexual da puberdade, onde ocorre uma intensificação das pulsões, além de acompanhar diversas modificações do corpo e das suas representações.

Dolto (1989) define puberdade como sendo as pulsões nos quais os efeitos são sentidos nos genitais pelos rapazes e nas moças causa perturbações vagas que vem ambos suscita a masturbação. Nesse momento são criadas fantasias de encontros, porém ao contrario do período de latência, imaginá-las não mais dar conta das fantasias, uma vez que entra em jogo a região genital, na busca pelo outro.

Na puberdade segundo Freud (2002) ainda sobre a diferença, aqui ocorre a real diferenciação entre os caracteres masculinos e femininos. O garoto continua na valorização narcísica exacerbada do pênis. Já a garota faz um investimento narcísico por todo seu corpo, como pela cintura, seios, rosto, pernas, nádegas, etc. Ocorrendo assim um deslocamento da excitabilidade do clitóris para a vagina, assim a mulher na puberdade muda sua zona erógena dominante já o homem conserva a sua. 

Segundo Alberti (1996) a puberdade trás uma regulação da vida sexual do sujeito centralizada nos genitais, devido o complexos de Édipo é normalizada, pela inscrição de uma lei fundamental. O adolescente se depara com o real do sexo, para a impossibilidade da completude da relação sexual. Na psicanálise não existe uma estrutura clínica do adolescente, como todos os seres tem suas estruturas psíquicas (neurose, psicose e perversão).

Ruffino (1996) defende que o sujeito se encontra em crise quando não encontra o lugar do seu gozo, já o adolescente de modo generalizado se encontra nessa situação.  Na clinica psicanalítica se pensa a adolescência não como uma etapa simplesmente da evolução humana, mas como uma operação psíquica e como tal visa um efeito no sujeito.

Dolto (1989) em sua experiência clinica com adolescente diz que esse é sempre polieuta, ou seja, ele precisa queimar aquilo que adora. Logo a via de trabalho com adolescentes deve ser de permitir um lugar para que esse seja sujeito da fala, aonde poderá manter distantes as suas pulsões, ao invés de cometer suas atuações. 

Perdoa-me por me traíres:

Nelson Rodrigues, um grande escritor brasileiro, escreveu uma peça intitulada Perdoa-me por me traíres, que é classificada como uma tragédia carioca, que retrata a história de uma adolescente de dezesseis anos de classe média.  Glorinha era criada dês de criança pelo Tio Raul, irmão de seu pai, e por sua esposa Tia Odete, porém essa era uma louca. A moça acreditava que sua mãe tinha se suicidado, com a morte de sua mãe seu pai enlouquecera e passara a viver em uma casa de repouso.  Sua melhor amiga era Nair, a convida para cabular a aula para ganhar dinheiro em um bordel de Madame Luba.

Recortes:

“Nair- Que máscara é essa?

Glorinha- Por quer Máscara?

Nair- Máscara sim senhora! (…) E aquela farra que nós fizemos, nós duas.

Glorinha- Sei lá de Farra!

Nair- No carnaval, esse que passou! Madame, fomos com uma turma ao apartamento de um cara. E lá, sabe como é: bebemos, pintamos o caneco. A Glorinha estava com uma fantasia sem alça em cima da pele! Veio um engraçadinho e , pela costas, te puxou o fecho ecler até embaixo. Ficou pelada, Madame.

Glorinha- Eu estava de pileque  Madame! Tanto que nem me lembrava. (…) Olha até agora não passei do beijo.” (RODRIGUES, 2003,p.786)

 

 “As duas modalidades de eletrização que podemos observar nos corpos correspondem às duas espécies de carga elétrica encontradas no átomo. (mudando de tom, num apelo soluçante) Não se mexa: fique assim!”(RODRIGUES,2003.p.789) 

 

“ Finalmente, o DR. Jubileu cai de joelhos, porque alcança o máximo da tensão. Assim de joelhos, mergulha o rosto nas duas mãos e tem um soluço interminável, grosso como um mugido.” (RODRIGUES,2003.p799).

 

“Tio Raul – Tu me odeias?

Glorinha – Não

Tio Raul – Não, odeias o assassino da tua mãe?

Glorinha – Não.

Tio Raul – Mentirosa.

Glorinha – Pois odeio, pronto odeio.” (RODRIGUES,2003.p.819)

 

Referências:

 

ALBERTI, Sonia. Esse sujeito adolescente. Rio de janeiro: Relume Dumará, 1996.

CORRÊA, Ana Izabel(org). Mais tarde… é agora! Ensaio sobre a adolescência. Salvador: ágalma,1996.

DOLTO, Françoise. Dialogando sobre crianças e adolescentes. Tradução Maria N. Brandão Benetti.Campinas: Papirus,1989.

FREUD, Anna. O ego e os mecanismos de defesa. Porto Alegre: Civilização Brasileira, 2006

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Tradução de Paulo Dias Corréa. Rio de Janeiro: Imago, 2002.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Dinâmica de Grupo: ( Aula III- Ciência e a verdade)


Roteiro de estudo A Ciência e a verdade:
 Texto: FREIRE; Ana Beatriz; FERNANDES, Francisco Leonel de F.; SOUZA, Neusa Santos. A ciência e a verdade. Um comentário. Rio de Janeiro: Revinter, 1996. p- 65- 73, 97-143.
Abaixo seguem questões norteadoras sobre as principais questões e ideias do texto que será explicado e debatido pela professora.
1-      Existe uma verdade Absoluta ou verdades parciais?
2-      Qual a importância dada ao conceito de causalidade na ciência e na obra de Lacan?
3-      O que é causa na obra de Lacan?
4-      Qual a diferença entre oposição lógica e real?
5-      Relação entre falta e Verdade?
6-      Relação Saber e Verdade?


 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

TTP I ( Transferência)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
PSICOLOGIA
DISCIPLINA: TTP I
PROFESSORA: CAMILA GUIMARÃES

 

NOTA DE AULA:
TRANSFERÊNCIA EM FREUD

 

Lugar

“O vazio do porta-retrato
Abre espaço para uma rosto
Desconhecido.
E eu reconheço a repetição do fato:
Ali será a vitrine
Do próximo amor
Recém-nascido.”(Claudia Schroeder)

Língua

“O meu amor não merece tantos erros de português
A conjugação errada
Do passado
Enquanto a regra aponta que é presente
Que entre nós o futuro
Nunca estará ausente.
Vivemos em gerúndio
Todo dia
Nos amando, quem diria.
Por isso, o meu amor não merece
A tristeza, a incerteza, a traição
Nem tantos outros erros meus
Como o excesso de vírgulas
Pontos finais
E o uso ininterrupto
Da palavra não.
O meu amor não merece tantos erros da minha língua
Quando ela deveria apenas
Permanecer
Dentro de sua boca.”(Claudia Schroeder)


Transferência é uma pratica do desencontro, aonde essa não se sustenta por uma relação igualitária de dois. Aonde se desliza algo na direção do analista que advém de outro espaço e tempo do sujeito.  O lugar do analista não é o ser, mas antes o falta a ser, o lugar de objeto a, causa do desejo.

Na transferência se refere inconscientemente a um objeto que reflete outro. Na repetição da transferenccial encontramos fragmentos da vida sexual infantil, requicios dos complexos de édipo e castração.

“Uma parte daquele impulso que determina a vida erótica, passa por todo o desenvolvimento psíquico, está na consciência, mas outro foi retido no curso no desenvolvimento afastado da consciência da personalidade, ficou todo no ICS, ou nas fantasias.” (Freud)

 O sujeito nunca poderá fugir ou se destituir completamente da relação com o outro.

A resistência impede o processo de resolutividade dos problemas. A análise abre possibilidade de criar um novo discurso,  ou seja de reposicionar a relação do sujeito com seu fantasma.

O profissional tem de renunciar sua posição narcísica de receber o amor do outro, de saber a transferência é um erro de pessoa, renunciar seu gozo narcísico.

Tipos de Transferências:


Positiva: amor transferencial, amor a falta.

Negativa: agressiva ou erótica, não aceitação da falta.
Contra-Transferência: é algo de não analisável no profissional, seus próprios demônios, não é simples ou fácil se colocar nessa posição de objeto a, objeto que causa o outro.

Freud trabalhou com três ênfases diferentes na clínica: A primeira de tornar consciente o material inconsciente (Interpretação dos sonhos), a segunda o manejo da transferência e da resistência dos pacientes (Artigos técnicos), e a última ênfase retomada por Lacan que foi do deslocamento do paciente rumo ao gozo, e a busca de uma dimensão ética do desejo. (Além do princípio de prazer)


Referência:
ROUDINESCO, Elisabeth e PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Rio de janeiro: Zahar,1998
SCHROEDER, Claudia. Leia-me toda. Porto Alegre: Dublinense,2010.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

TTP I ( Aula 4 Entrevistas preliminares)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
CURSO: PSICOLOGIA
DISCIPLINA: TTP I
PROFESSORA: CAMILA GUIMARÃES

 

 

ENTREVISTAS PRELIMINARES:

 

“É bem verdade que uma vida, uma análise,
 tem algo de romance.”
(Colette Soler)

 

Freud (2006) em o inicio do tratamento afirma que o paciente assim que chega a clinica, pouco se conhece do mesmo, por isso é preciso o aceitar apenas provisoriamente em um período de um ou duas semanas. Nesse tempo irá de fato se avaliar se o paciente tem demanda de analise ou não. Nesse ensaio de analise deve deixar o paciente bem livre e que fale quase todo o tempo, explicando ao mesmo apenas o necessário para que ele continue falando. Nesse momento entra em jogo o diagnostico para o início do tratamento.

 

Freud (1996) ao fim de seus estudos desenvolve os tipos libidinais, como forma de melhor compreender a organização do sujeito e facilitando o processo de diagnostico das estruturas e tipos clínicos. Os tipos libidinais não se resumem a tipos clínicos, apresentam uma maior variedade, contudo alguns tipos se aproximam mais de uma estrutura em detrimento a outra. Assim Freud (1996) conceitua três tipos principais de libido: erótico, obsessivo e narcísico. O primeiro erótico está mais ligado ao amor, tem forte aproximação com a histeria. Amar e ser amado, mas acima de tudo busca ser amado. Sendo subjugados pelo medo de perder o amar, se vendo muito dependentes do outro. No obsessivo predominantemente é marcado pelo superego que se dissocia do ego por uma forte tensão, temendo suas consciências. Tem uma dependência interna, conservando o sentido da civilidade do social, se aproxima da estrutura clinica da neurose, em especial da neurose obsessiva. Já o narcísico, ao contrario do obsessivo não apresenta fortes conflitos entre ego e superego, não necessita desse amor do erótico, o foco aqui é autopreservação, essa libido está correlacionada com a psicose.

 Referencias:

FREUD, S. O caso de Schreber, artigos sobre técnica e outros trabalho. Tradução José Octávio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago,2006

_______ Recordar, repetir e elaborar. Tradução Orizon Carneiro Muniz. Rio de janeiro: Imago, 1996

CLINICA PSICOSSOMÁTICA ( Aula III- Beleza Revelada)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO: PSICOLOGIA
DISCIPLINA: CLINICA PSICOSSOMÁTICA

 

 

Nota de aula: Beleza revelada.

(século XVI)

 

No século XVI, com o renascimento, encontramos uma nova inscrição do corpo, uma forma diferente de representar e significar a presença carnal.  Essa carne que ganha maior expressividade nas pinturas ganhando um realismo corporal, cores, arredondamentos, profundidade, espessura. O inicio da noção de beleza construída na modernidade.

No cotidiano temos a grande primazia das feições altas, ou seja, do rosto, nesse jogo do visível e invisível. Onde o baixo é coberto e o alto descoberto.

No século XVI os pintores começavam a pintar anônimos, retrato de mulheres sem nomes nas telas, escolhidas não pelo status social, porém por sua beleza impar. 

Nesse momento o corpo feminino ganha uma presença carnal, volume e textura. Há ainda uma dificuldade dos autores desse período criarem um discurso que descreva a beleza, justamente por ela ser algo perfeito, ideal, inatingível a sua essência.

A beleza é algo social, aonde existe toda uma norma que comanda as aparências. Dessas normas de aparência está o que pode ser descoberto e o que deve ser coberto, do triunfo e destaque ao que se revela, deixando o coberto para o obscuro e misterioso. Assim o descoberto são as regiões que se devem honrar, as partes superiores do corpo. Atendo-se apenas ao que se ver, ou seja, o alto. “Que necessita de se preocupar com as pernas já que não é coisa que precise mostrar?”(VIGARELLO ,2006.p.17)

Os vestidos do século XVI são ajustados apenas na parte superior, marcando a cintura e sendo levemente decotados, já as partes inferiores têm grandes volumes de saias.   O céu cósmico se iguala ao céu corporal, por isso se valoriza o alto. 

A mulher bela é simétrica e leve, com a magreza do ventre. Os braços e mãos devem ser graciosos, longos, leves e brancos.

Objeto primordial da beleza no século VXI: rosto e mãos.

A beleza física no século XVI é evocar a fisionomia ao rosto. Onde a beleza é própria da mulher, remetendo ao ideal, bom e divina.

Já no homem não temos o belo, mas a força, algo de terrível. Esse não cuida da tez, ele trabalha. A mulher que é bela tem de se cuidar pra manter sua perfeição. Cabendo a mulher acalentar seu homem dando vida a ele, com sua beleza.

As qualidades dos temperamentos eram diferentes entre os sexos: homem quente e seco, mulher úmida e fria.

No século XVI se ultrapassa o paradigma da fragilidade e moleza da mulher, para transformar essa fraqueza em beleza e ternura. Logo, a beleza feminina é sempre humilde, passiva e submissa. Condena-se o riso da mulher, essa tem de ter gestos contidos e leves, mostrando modéstia, humildade e castidade.

 

Trechos ilustrativos:
“Uma jovem tão tímida, de espírito tão sossegado e calmo, que corava de seus próprios anseios! E a despeito da natureza, do país, da idade, do crédito, de tudo, apaixonar-se do que de olhar, tão-só, a apavorava!” (SHAKESPEARE, 2010,p. 10)
 
“Otelo: - Ela me amou à vista dos perigos por que passei, e muito amor lhe tive, por se ter revelado compassiva.” (SHAKESPEARE, 2010,p.11)
 
“Desdêmona: - A vida e a educação vos devo, educação e vida que me ensinam a saber respeitar-vos. Sois o dono do meu dever, sendo eu, pois, vossa filha. Mas também aqui vejo meu marido; e quanto minha mãe vos foi submissa, preferindo-vos mesmo aos próprios pais, tanto agora pretendo revelar-me em relação ao Mouro, a quem pertenço.”(SHAKESPEARE, 2010,p.11)
“EMÍLIA - E se for bela e tonta?
IAGO - Mulher tonta não há, sendo bonita, pois sabe arranjar filho e ser catita A que bela foi sempre, não vaidosa, e, podendo falar, não foi verbosa; a que, tendo ouro à larga, não se enfeita, e, coibindo-se, diz: numa outra feita; a que, ofendida e a ponto de vingar-se, sabe conter-se e a fúria deixa alar-se; a que não fosse néscia que trocasse salmão por bacalhau com alegre face; a que pensasse e não dissesse nada e aos chichisbéus fugisse recatada; tal mulher, se existisse, claro seja...” (SHAKESPEARE, 2010,p. 18)
“Beatriz- Mais uma aliança unindo cada dois, como em todo o mundo, menos eu, e minha pele está queimada do sol. Não sou lindamente pálida, tenho mais é de sentar-me a um canto e gritar, implorando por um marido, qualquer um.” (SHAKESPEARE, 2002.      p. 48)
Referência:
SHAKESPEARE, William. Muito barulho por nada. Tradução de Beatriz Viégas-Faria.Porto Alegre: L&PM, 2002.
SHAKESPEARE, William. Otelo: O mouro de Veneza. Disponível em: <www.mundocultural.com.br/analise/otelo_shake.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2010.
VIGARELLO, Georges. História da Beleza: o corpo e a arte de se embelezar do renascimento aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.
           

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Dinâmica de Grupo ( aula II: identificação)


Nota de Aula: Identificação




“Termo empregado em psicanálise para designar o processo central pelo qual o sujeito se constitui e se transforma, assimilando ou se apropriando, em momentos chaves de sua evolução, dos aspectos, atribuídos ou traços dos seres humanos que o cercam”(ROUDINESCO; PLON, 1998.p. 363)


Existem varias interpretações no meio psicanalítico sobre a identificação.

 De modo geral na obra de Freud é entendida como um desejo recalcado (inconsciente) de agir ou ser como alguém.

A identificação pode acontecer também de forma grupal, se identifica uma única pessoa com a totalidade de um grupo, no caso o líder. Uma identificação como uma única pessoa pode conter vários traços de varias pessoas.



Freud nos fala de Três Identificações:



Primeira: o de incorporar da criança na fase oral, pré-edipica. No modelo canibalesco. Devora o desejado.

Segunda: identificação regressiva, é o que acontece, com o sintoma histérico, se imita um sintoma da pessoa investida libidinalmente. Pegando um único traço da pessoa. Identificação recai na escolha de um objeto que leva a outro.   



Exemplo de Identificação:

(Livro interpretação dos Sonhos)

Uma mulher deseja que o desejo da amiga de engordar não se realize, para que essa não seduza seu marido, que tem fraco por mulher de carnes. Marido açougueiro.  No sonho dessa mulher ela não tem o desejo realizado: Ela se ver emagrecendo. Ela se identificou com a amiga, e sonha que lhe acontece o que deseja ver sucedido com a amiga. Ocorrendo um traço na vida real na sua ojeriza a comer caviar. 


Terceira: Que é a vontade ou tentativa de se colocar em uma situação idêntica a do outro, viver como ele vive. Como no contexto da comunidade de vivenciar um lugar espaço, que liga todos a um contexto, pelo objetivo se sentem identificados, membros de uma coletividade.





Lacan nos fala de Duas Identificações:

Para esse autor a identificação de forma geral é sempre de um traço unitário. Onde o primeiro traço na cadeia de significação é do nome-próprio.

As outras identificações são:

Primaria: ocorre com esse pai simbólico, com as leis, com o mundo da linguagem. 


Secunda: é a histeria, aquela se coloca como desejo do desejo do outro. Marcando a dependência do sujeito com o outro. (Que queres?)



Referências:



MOSCOVITZ, Jean Jacques; GRANCHER, Philippe; Para que serve uma análise?  Rio de Janeiro: Zahar, 1991.
ROUDINESCO, Elisabethe; PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar. 1991

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Dinâmica de Grupo: (aula I- Transferência)

Nota de aula:
Transferência


Lugar

“O vazio do porta-retrato
Abre espaço para uma rosto
Desconhecido.
E eu reconheço a repetição do fato:
Ali será a vitrine
Do próximo amor
Recém-nascido.”(Claudia Schroeder)

Língua

“O meu amor não merece tantos erros de português
A conjugação errada
Do passado
Enquanto a regra aponta que é presente
Que entre nós o futuro
Nunca estará ausente.
Vivemos em gerúndio
Todo dia
Nos amando, quem diria.
Por isso, o meu amor não merece
A tristeza, a incerteza, a traição
Nem tantos outros erros meus
Como o excesso de vírgulas
Pontos finais
E o uso inniterrupto
Da palavra não.
O meu amor não merece tantos erros da minha língua
Quando ela deveria apenas
Permanecer
Dentro de sua boca.”(Claudia Schroeder)


Transferência é uma pratica do desencontro, aonde essa não se sustenta por uma relação igualitária de dois. Aonde se desliza algo na direção do profissional que advém de outro espaço e tempo do sujeito.  Na transferência se refere inconscientemente a um objeto que reflete outro.
A dinâmica da transferência :
 (Freud)

Repetição relação mãe- bebê

“Uma parte daquele impulso que determina a vida erótica, passa por todo o desenvolvimento psíquico, esta na consciência, mas outro foi retido no curso no desenvolvimento afastado da consciência da personalidade, ficou todo no ICS, ou nas fantasias. “ Segundo Freud
 O sujeito nunca poderá fugir ou se destituir completamente da relação com o outro.
O profissional tem de renunciar sua posição narcísica de receber o amor do outro, de saber a transferência é um erro de pessoa, renunciar seu gozo narcísico.

Tipos de Transferências:

positiva: amor transferencial, amor a falta.
negativa: agressiva ou erótica, não aceitação da falta.



A dinâmica da transferência : 
(Lacan)


Transferência é um amor genuíno em busca de um objeto perdido.
O amor tem uma anulação do simbólico e aproximação com o imaginário.  Busca retornar uma completude perdida. Uma saudade de uma unidade originária (Mãe-bebê), porem é impossível essa restauração.

Contra-Transferencia é algo de não analisável no profissional, seus próprios demônios, não é simples ou fácil se colocar nessa posição de objeto a, objeto que causa o outro.


Referência:
ROUDINESCO, Elisabeth e PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Rio de janeiro: Zahar,1998
SCHROEDER, Claudia. Leia-me toda. Porto Alegre: Dublinense,2010.