quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Dinâmica de Grupo: ( Aula III- Ciência e a verdade)


Roteiro de estudo A Ciência e a verdade:
 Texto: FREIRE; Ana Beatriz; FERNANDES, Francisco Leonel de F.; SOUZA, Neusa Santos. A ciência e a verdade. Um comentário. Rio de Janeiro: Revinter, 1996. p- 65- 73, 97-143.
Abaixo seguem questões norteadoras sobre as principais questões e ideias do texto que será explicado e debatido pela professora.
1-      Existe uma verdade Absoluta ou verdades parciais?
2-      Qual a importância dada ao conceito de causalidade na ciência e na obra de Lacan?
3-      O que é causa na obra de Lacan?
4-      Qual a diferença entre oposição lógica e real?
5-      Relação entre falta e Verdade?
6-      Relação Saber e Verdade?


 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

TTP I ( Transferência)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
PSICOLOGIA
DISCIPLINA: TTP I
PROFESSORA: CAMILA GUIMARÃES

 

NOTA DE AULA:
TRANSFERÊNCIA EM FREUD

 

Lugar

“O vazio do porta-retrato
Abre espaço para uma rosto
Desconhecido.
E eu reconheço a repetição do fato:
Ali será a vitrine
Do próximo amor
Recém-nascido.”(Claudia Schroeder)

Língua

“O meu amor não merece tantos erros de português
A conjugação errada
Do passado
Enquanto a regra aponta que é presente
Que entre nós o futuro
Nunca estará ausente.
Vivemos em gerúndio
Todo dia
Nos amando, quem diria.
Por isso, o meu amor não merece
A tristeza, a incerteza, a traição
Nem tantos outros erros meus
Como o excesso de vírgulas
Pontos finais
E o uso ininterrupto
Da palavra não.
O meu amor não merece tantos erros da minha língua
Quando ela deveria apenas
Permanecer
Dentro de sua boca.”(Claudia Schroeder)


Transferência é uma pratica do desencontro, aonde essa não se sustenta por uma relação igualitária de dois. Aonde se desliza algo na direção do analista que advém de outro espaço e tempo do sujeito.  O lugar do analista não é o ser, mas antes o falta a ser, o lugar de objeto a, causa do desejo.

Na transferência se refere inconscientemente a um objeto que reflete outro. Na repetição da transferenccial encontramos fragmentos da vida sexual infantil, requicios dos complexos de édipo e castração.

“Uma parte daquele impulso que determina a vida erótica, passa por todo o desenvolvimento psíquico, está na consciência, mas outro foi retido no curso no desenvolvimento afastado da consciência da personalidade, ficou todo no ICS, ou nas fantasias.” (Freud)

 O sujeito nunca poderá fugir ou se destituir completamente da relação com o outro.

A resistência impede o processo de resolutividade dos problemas. A análise abre possibilidade de criar um novo discurso,  ou seja de reposicionar a relação do sujeito com seu fantasma.

O profissional tem de renunciar sua posição narcísica de receber o amor do outro, de saber a transferência é um erro de pessoa, renunciar seu gozo narcísico.

Tipos de Transferências:


Positiva: amor transferencial, amor a falta.

Negativa: agressiva ou erótica, não aceitação da falta.
Contra-Transferência: é algo de não analisável no profissional, seus próprios demônios, não é simples ou fácil se colocar nessa posição de objeto a, objeto que causa o outro.

Freud trabalhou com três ênfases diferentes na clínica: A primeira de tornar consciente o material inconsciente (Interpretação dos sonhos), a segunda o manejo da transferência e da resistência dos pacientes (Artigos técnicos), e a última ênfase retomada por Lacan que foi do deslocamento do paciente rumo ao gozo, e a busca de uma dimensão ética do desejo. (Além do princípio de prazer)


Referência:
ROUDINESCO, Elisabeth e PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Rio de janeiro: Zahar,1998
SCHROEDER, Claudia. Leia-me toda. Porto Alegre: Dublinense,2010.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

TTP I ( Aula 4 Entrevistas preliminares)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
CURSO: PSICOLOGIA
DISCIPLINA: TTP I
PROFESSORA: CAMILA GUIMARÃES

 

 

ENTREVISTAS PRELIMINARES:

 

“É bem verdade que uma vida, uma análise,
 tem algo de romance.”
(Colette Soler)

 

Freud (2006) em o inicio do tratamento afirma que o paciente assim que chega a clinica, pouco se conhece do mesmo, por isso é preciso o aceitar apenas provisoriamente em um período de um ou duas semanas. Nesse tempo irá de fato se avaliar se o paciente tem demanda de analise ou não. Nesse ensaio de analise deve deixar o paciente bem livre e que fale quase todo o tempo, explicando ao mesmo apenas o necessário para que ele continue falando. Nesse momento entra em jogo o diagnostico para o início do tratamento.

 

Freud (1996) ao fim de seus estudos desenvolve os tipos libidinais, como forma de melhor compreender a organização do sujeito e facilitando o processo de diagnostico das estruturas e tipos clínicos. Os tipos libidinais não se resumem a tipos clínicos, apresentam uma maior variedade, contudo alguns tipos se aproximam mais de uma estrutura em detrimento a outra. Assim Freud (1996) conceitua três tipos principais de libido: erótico, obsessivo e narcísico. O primeiro erótico está mais ligado ao amor, tem forte aproximação com a histeria. Amar e ser amado, mas acima de tudo busca ser amado. Sendo subjugados pelo medo de perder o amar, se vendo muito dependentes do outro. No obsessivo predominantemente é marcado pelo superego que se dissocia do ego por uma forte tensão, temendo suas consciências. Tem uma dependência interna, conservando o sentido da civilidade do social, se aproxima da estrutura clinica da neurose, em especial da neurose obsessiva. Já o narcísico, ao contrario do obsessivo não apresenta fortes conflitos entre ego e superego, não necessita desse amor do erótico, o foco aqui é autopreservação, essa libido está correlacionada com a psicose.

 Referencias:

FREUD, S. O caso de Schreber, artigos sobre técnica e outros trabalho. Tradução José Octávio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago,2006

_______ Recordar, repetir e elaborar. Tradução Orizon Carneiro Muniz. Rio de janeiro: Imago, 1996

CLINICA PSICOSSOMÁTICA ( Aula III- Beleza Revelada)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO: PSICOLOGIA
DISCIPLINA: CLINICA PSICOSSOMÁTICA

 

 

Nota de aula: Beleza revelada.

(século XVI)

 

No século XVI, com o renascimento, encontramos uma nova inscrição do corpo, uma forma diferente de representar e significar a presença carnal.  Essa carne que ganha maior expressividade nas pinturas ganhando um realismo corporal, cores, arredondamentos, profundidade, espessura. O inicio da noção de beleza construída na modernidade.

No cotidiano temos a grande primazia das feições altas, ou seja, do rosto, nesse jogo do visível e invisível. Onde o baixo é coberto e o alto descoberto.

No século XVI os pintores começavam a pintar anônimos, retrato de mulheres sem nomes nas telas, escolhidas não pelo status social, porém por sua beleza impar. 

Nesse momento o corpo feminino ganha uma presença carnal, volume e textura. Há ainda uma dificuldade dos autores desse período criarem um discurso que descreva a beleza, justamente por ela ser algo perfeito, ideal, inatingível a sua essência.

A beleza é algo social, aonde existe toda uma norma que comanda as aparências. Dessas normas de aparência está o que pode ser descoberto e o que deve ser coberto, do triunfo e destaque ao que se revela, deixando o coberto para o obscuro e misterioso. Assim o descoberto são as regiões que se devem honrar, as partes superiores do corpo. Atendo-se apenas ao que se ver, ou seja, o alto. “Que necessita de se preocupar com as pernas já que não é coisa que precise mostrar?”(VIGARELLO ,2006.p.17)

Os vestidos do século XVI são ajustados apenas na parte superior, marcando a cintura e sendo levemente decotados, já as partes inferiores têm grandes volumes de saias.   O céu cósmico se iguala ao céu corporal, por isso se valoriza o alto. 

A mulher bela é simétrica e leve, com a magreza do ventre. Os braços e mãos devem ser graciosos, longos, leves e brancos.

Objeto primordial da beleza no século VXI: rosto e mãos.

A beleza física no século XVI é evocar a fisionomia ao rosto. Onde a beleza é própria da mulher, remetendo ao ideal, bom e divina.

Já no homem não temos o belo, mas a força, algo de terrível. Esse não cuida da tez, ele trabalha. A mulher que é bela tem de se cuidar pra manter sua perfeição. Cabendo a mulher acalentar seu homem dando vida a ele, com sua beleza.

As qualidades dos temperamentos eram diferentes entre os sexos: homem quente e seco, mulher úmida e fria.

No século XVI se ultrapassa o paradigma da fragilidade e moleza da mulher, para transformar essa fraqueza em beleza e ternura. Logo, a beleza feminina é sempre humilde, passiva e submissa. Condena-se o riso da mulher, essa tem de ter gestos contidos e leves, mostrando modéstia, humildade e castidade.

 

Trechos ilustrativos:
“Uma jovem tão tímida, de espírito tão sossegado e calmo, que corava de seus próprios anseios! E a despeito da natureza, do país, da idade, do crédito, de tudo, apaixonar-se do que de olhar, tão-só, a apavorava!” (SHAKESPEARE, 2010,p. 10)
 
“Otelo: - Ela me amou à vista dos perigos por que passei, e muito amor lhe tive, por se ter revelado compassiva.” (SHAKESPEARE, 2010,p.11)
 
“Desdêmona: - A vida e a educação vos devo, educação e vida que me ensinam a saber respeitar-vos. Sois o dono do meu dever, sendo eu, pois, vossa filha. Mas também aqui vejo meu marido; e quanto minha mãe vos foi submissa, preferindo-vos mesmo aos próprios pais, tanto agora pretendo revelar-me em relação ao Mouro, a quem pertenço.”(SHAKESPEARE, 2010,p.11)
“EMÍLIA - E se for bela e tonta?
IAGO - Mulher tonta não há, sendo bonita, pois sabe arranjar filho e ser catita A que bela foi sempre, não vaidosa, e, podendo falar, não foi verbosa; a que, tendo ouro à larga, não se enfeita, e, coibindo-se, diz: numa outra feita; a que, ofendida e a ponto de vingar-se, sabe conter-se e a fúria deixa alar-se; a que não fosse néscia que trocasse salmão por bacalhau com alegre face; a que pensasse e não dissesse nada e aos chichisbéus fugisse recatada; tal mulher, se existisse, claro seja...” (SHAKESPEARE, 2010,p. 18)
“Beatriz- Mais uma aliança unindo cada dois, como em todo o mundo, menos eu, e minha pele está queimada do sol. Não sou lindamente pálida, tenho mais é de sentar-me a um canto e gritar, implorando por um marido, qualquer um.” (SHAKESPEARE, 2002.      p. 48)
Referência:
SHAKESPEARE, William. Muito barulho por nada. Tradução de Beatriz Viégas-Faria.Porto Alegre: L&PM, 2002.
SHAKESPEARE, William. Otelo: O mouro de Veneza. Disponível em: <www.mundocultural.com.br/analise/otelo_shake.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2010.
VIGARELLO, Georges. História da Beleza: o corpo e a arte de se embelezar do renascimento aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.